Mesmo com queda no volume de remessas, despesas em sites e viagens internacionais seguem em alta, impulsionadas por dólar e mudanças tributárias

Em 2024, os consumidores brasileiros voltaram a registrar recordes de gastos no exterior, desembolsando aproximadamente US$ 14,8 bilhões em viagens internacionais — o equivalente a cerca de R$ 75 bilhões. Esse valor representa uma alta de 2% em comparação ao ano anterior, tornando-se o maior registrado desde 2019.
Apesar da expressiva redução de 11% no número de encomendas internacionais (187 milhões em 2024 contra 209 milhões em 2023), as despesas continuam em alta. O principal fator é a valorização do dólar frente ao real, o que aumenta o custo de compras, passagens e hospedagens feitas no exterior.
Mudanças na tributação também contribuem para o cenário. A popular “taxa das blusinhas” — que instituiu imposto sobre compras de até US$ 50 — fez com que, mesmo com menos remessas, a arrecadação tributária atingisse recordes. Em 2024, o governo arrecadou quase R$ 3 bilhões só com esse imposto.
Outro destaque é o aumento das despesas via cartão de crédito no exterior, que somaram cerca de R$ 22,9 bilhões no terceiro trimestre de 2024. Europa e Estados Unidos foram os destinos com maior fluxo, sendo responsáveis por cerca de 80% dessas transações.
Para os economistas, esses dados indicam que o brasileiro mantém interesse por compras internacionais e viagens, mesmo diante de um cenário tributário mais restritivo. O desafio continua sendo o câmbio elevado e a tributação. Enquanto isso, o poder de compra no exterior segue sendo afetado, mas não freia completamente o consumo internacional.